segunda-feira, 28 de maio de 2007

Idade Média:A vida quotidiana nos Concelhos

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

A vida quotidiana nos Concelhos

« um dos aspectos essenciais do grande progresso do ocidente após o ano mil, é o desenvolvimento urbano, que atinge o seu apogeu no século XIII. A cidade modifica o homem medieval. (…)a cidade é também aglomeração. É, sobretudo, um centro económico. O seu coração é o mercado. A população urbana é um conjunto de células restritas (…)

Na cidade, está-se sobretudo entre amigos e vizinhos. O citadino está inserido na vida do bairro, do quarteirão, da rua. Os locais de convívio são numerosos: a taberna, o cemitério, a praceta e, para as mulheres, os poços, o forno, o lavadouro.»

Jacques Le Goff, O Homem Medieval

Lisboa, Editorial Presença, 1989, p. 19.

Na base da criação dos Concelhos estiveram questões exclusivamente militares, como tal, eram inicialmente espaços fortificados em locais vulneráveis a ataques inimigos. O Senhor concedia Concelhos através da Carta de Foral (documento que definia os direitos e obrigações dos seus habitantes).

A partir do século XI, a renovação comercial abriu as portas dos Concelhos à realização de feiras. Na maior parte das vezes, a realização das feiras coincidiam com os festejos de um Santo padroeiro e como tal, constituíam um momento ansiado por todos, não só para desenvolver a actividade comercial, como também era uma ocasião de divertimento. A ela acorriam mercadores (uns de perto, outros vindo de paragens mais longínquas), saltimbancos, jograis, etc…

Com o desenvolvimento comercial e económico os Concelhos urbanos eram agora apelidados de burgos, os quais tinham autonomia suficiente para se governarem a si mesmos, tanto do ponto de vista legislativo, como fiscal.

Os habitantes dos burgos – os burgueses - estavam agora libertos do domínio e poder senhoriais, e protegiam-se económica e socialmente através do corporativismo.

Contudo, o crescimento desordenado dos Concelhos punha a descoberto as fragilidades do mundo medieval (a falta de água, de infra-estruturas, a promiscuidade entre os habitantes) e facilitavam a expansão rápida e mortífera de inúmeras pestilências, como a Peste Negra.

O crescimento físico e numérico dos Concelhos representou um desenvolvimento económico, cultural e artístico. No entanto, esse desenvolvimento era rudemente abalado em momentos de crise, como no século XIV, facto que travava o crescimento de uma Europa que estava dependente, conformada e aterrorizada com a vontade divina.


BIBLIOGRAFIA

Como se vivia na Idade Média, Colecção O Homem e a História Dossiers, Pergaminho, Lisboa, 2001.

História da Vida Privada. Da Europa Feudal ao Renascimento, direcção de Philippe Ariès e George Duby, vol. 2, Edições Afrontamento, Lisboa, 1990.

História de Portugal. A Monarquia Feudal. Direcção de José Mattoso, vol.II, Editorial estampa, Lisboa, 1993.

Memória de Portugal. O milénio português. direcção geral de Roberto Carneiro, coordenação científica de Artur Teodoro de Matos, Círculo de Leitores, Lisboa, 2001.

O Homem Medieval, direcção de Jacques le Goff, Editorial Presença, Lisboa, 1990.

BLOCH, Marc – A Sociedade Feudal , Edições 70, Lisboa, 1987.

DUBY, George – Ano 1000 ano 2000 no Rasto dos Nossos Medos, Teorema, Lisboa, 1997.

As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo, Colecção Nova História, Editorial Estampa, Lisboa, 1982.

O Tempo das Catedrais, Colecção Nova História, Editorial Estampa, Lisboa, 1993.

Guerreiros e Camponeses – os primórdios do crescimento europeu (séc. VII-XII), Colecção Nova História, Editorial Estampa, Lisboa, 1993.

LE GOFF, Jacques – A Civilização do Ocidente Medieval, Colecção Nova História, Editorial Estampa, Lisboa, 1997.



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